21 junho, 2007

SONS VITAIS

avidamente de molho

a tentação cegamente

melindra tum escolhe


tambores tap desdém


14 junho, 2007

CADEIA

A polícia repreende
a semântica-manteiga
que mastiga quântica-
mente o meio físico
e a aura da cidade.

Dimensiona a padaria
no quarteirão poético-
científico das letras.

Idéia: luz quadrada como um pão.

Cadeia, escritores vagabundos!

12 junho, 2007

DENTRO DO CENTRO

Dentro do centro, no cerne,
a mosca persiste, o amor,
o verme que germina em flor,
que cresce, cresce,
e não termina.

Mas está lá, dentro do centro,
no cerne, no fundo, recusada.

Mas está lá, a flor de abelha
e mel amargo cultivada.

Um dia, se quebra a crosta.
Em outro ela se reconstrói,
me destrói, mostra força.

Assim se espalha o verme,
que cresce, cresce,
e se equivale à flor.

E a abelha, de seu ventre,
ri, corre e corrói,
zomba de nós:
alegria e dor.

11 junho, 2007

DO JEITO QUE QUISER

Do jeito que quiser
sempre assim e a seu modo
é como vai ser,
será?

Eu não vou perguntar
a um corpo falido
o que há pra dizer,
eu não vou perguntar.

Nem que tudo
fique mais lento,
porque tudo
é o que demora
bastante
pra resolver.

Conseguir perguntar.

É a coisa fazer
e ao medo, calar.

CARGA PRETA

Vem do coração
desce pelo braço
chega aos dedos
e entra na caneta
a minha ânsia
em forma de tinta.

04 junho, 2007

TETO PROS TRISTES

Como se ouvisse um jazz
de batidas quebradas
é que bate meu coração,
fragmentado e em pedaços,
dono somente deste quarto.

Penso em ligar a televisão
(hoje estou mesmo sem pretensão)
mas depois vejo que não pensei,
só fui tentado ao ócio.

Quando vou olhar a janela
só vejo prédios me olhando
e outras várias janelas
onde há vida
e nem tanta privacidade.
(Os da Vieira são felizes...)

Desisto.
Deito e vou olhar
pra única coisa que consigo encarar:
o teto.