20 maio, 2007

IMAGENS

Teus traços físicos em
desenhos em movimento,
em água.

A tinta da alma
jorrando de teus gestos
e tua boca
encostando na minha.

Encontro de rabiscos
incertos do fim,
esboço,
quase,

arte abstrata.

17 maio, 2007

DIAB(UC)ÓLICO

Termina o dia fatigado
já pra ver surgir
outro dia
de sol.

Começa o dia fatigado
de sono
já pra ver fluir
outro dia.

Sempre sente fome
ao meio-dia.

Sempre sente tédio
no dia-a-dia.


- a melodia o dia adia e entedia, entende?
- entendo, isso ocorre hoje em dia.



JIA


DIA


GIA

15 maio, 2007

POLUIÇÃO SONORA

Cinco e doze da manhã.
[status] -- [limite] -- [linguagem]
As mensagens se anunciam
sem pedir licença.
Está tarde.

A janela bate
e o vento grita.

Um pequeno botão,
na tela,
exclama:

há um mês no design
me projeto
minimalista
e sóbrio
para aparecer
como se não quisesse.
Me clique!


_____________
Paralelamente
a estas quatro vozes,
a voz humana
consente:

aumente o som,
a volúpia
e a fúria
-- incólume!

Nesta febril competição pelo volume,
fale,
sem pedir licença.


(e eu, como um buda,
não obedeço,
só observo)

12 maio, 2007

EQUILIBRISTA DECADENTE

Nossas bocas bem abertas
são portais por onde saem
a corda bamba dos assuntos
que tentamos amarrar,
mas mal conseguimos
sempre caímos
em algum abismo














                      interior

09 maio, 2007



... sabe, eu queria escrever uma prosa. Nem que fosse uma prosa medíocre, daquelas que vão se arrastando, chatas, banais. De qualquer forma, compreendam que o autor, nesse caso, não tem experiência nenhuma. Mal sabe da gramática ou da norma culta da língua. Nunca chegou a terminar de escrever nada, salvo suas poesias (também medíocres) e os textos pra faculdade. Pensando bem, isso talvez aconteça por ele nunca ter se acostumado a fazer qualquer coisa que seja limitada por uma técnica específica, seja ela qual for. Sim, eu nunca me acostumei - e acho que nem vou me acostumar -, por exemplo, a começar um texto na primeira pessoa e seguir assim até o final. Porque, do jeito que for,
eu quero falar.
Falar de mim no plural
e do presente no passado.
Falar de nós no singular.
E quem disse que isso é errado? Clarice Lispector? Rubem Fonseca? Carlos Machado? Ela e eles que se fodam. O que eles entendem do que eu sinto? Quem são eles pra dizer de que forma devo me expressar? Não me levem a mal. Julgo que estas distintas personalidades, estes intelectuais respeitáveis, mesmo imbuídos das mais nobres intenções, não sabem o que dizem. Perdoa, Pai. Peço-lhe que construa uma técnica em que se encaixe toda a fragmentação contemporânea, para que, deste modo, a própria técnica seja irrelevante. E que ninguém mais pense em mil maneiras antes de dizer um simples obrigado.

08 maio, 2007

DISFARÇANTE

quem tenta
ser fiel
não try

ANENEXIA

bebebebendo light
acha que é coca
e não engorda

07 maio, 2007

DIGA-SE!

diga-se de passagem
- quem cala, consente
em ficar parado.
                  calado!
- ela sempre discorda,
discorda, e vai embora.

OUVINDO SINATRA

ouvindo Sinatra
minha avó
quase se mata

06 maio, 2007

LIQUIDIFICADEDO

a doce
inocência
da criança




         X






                 *






                      suco de sangue.

05 maio, 2007

DESGOSTOSA

Idioticeria sentir falta,
na tumba, traído.

Ex-finge que me gosta,
já era, degito.

Me maltratadesumir,
pirâmide ligar,
desgostosa
..........
......
....