09 maio, 2007



... sabe, eu queria escrever uma prosa. Nem que fosse uma prosa medíocre, daquelas que vão se arrastando, chatas, banais. De qualquer forma, compreendam que o autor, nesse caso, não tem experiência nenhuma. Mal sabe da gramática ou da norma culta da língua. Nunca chegou a terminar de escrever nada, salvo suas poesias (também medíocres) e os textos pra faculdade. Pensando bem, isso talvez aconteça por ele nunca ter se acostumado a fazer qualquer coisa que seja limitada por uma técnica específica, seja ela qual for. Sim, eu nunca me acostumei - e acho que nem vou me acostumar -, por exemplo, a começar um texto na primeira pessoa e seguir assim até o final. Porque, do jeito que for,
eu quero falar.
Falar de mim no plural
e do presente no passado.
Falar de nós no singular.
E quem disse que isso é errado? Clarice Lispector? Rubem Fonseca? Carlos Machado? Ela e eles que se fodam. O que eles entendem do que eu sinto? Quem são eles pra dizer de que forma devo me expressar? Não me levem a mal. Julgo que estas distintas personalidades, estes intelectuais respeitáveis, mesmo imbuídos das mais nobres intenções, não sabem o que dizem. Perdoa, Pai. Peço-lhe que construa uma técnica em que se encaixe toda a fragmentação contemporânea, para que, deste modo, a própria técnica seja irrelevante. E que ninguém mais pense em mil maneiras antes de dizer um simples obrigado.

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